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O dia em que a terra parou

Parou em 1929. Parou agora. Os economistas dizem que mais ou menos a cada cem anos estoura uma tal de bolha (deve ser a linguagem politicamente correta para ´fraude´, qualquer coisa que não dá para apalpar como na chamada ´economia real´).

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Atualizado em 3 de abril de 2009 11:12


O dia em que a terra parou

Mário Gonçalves Júnior*

Parou em 1929. Parou agora. Os economistas dizem que mais ou menos a cada cem anos estoura uma tal de bolha (deve ser a linguagem politicamente correta para 'fraude', qualquer coisa que não dá para apalpar como na chamada 'economia real').

Economês não é bolinho. Mas as crises são como a beleza, a gente não entende bem, mas sente.

Uma turma de mentes brilhantes reinventou a roda, cavou tanto até chegar no magna e aí não dava mais para afundar. Agora estamos todos na maior pindura (inclusive a grossa maioria que não diferencia 'derivativo' de brócolis).

A santificada globalização tem essas coisas. Entre uma baforada de charuto e outra, um magnata esperto espirra do outro lado do mundo e você tem que engolir uma aspirina aqui.

Quando todos espirram ao mesmo tempo, é epidemia, é porque a tal bolha estourou. Uma planetária chuva de catarro.

Aí o cidadão comum se apavora e se pergunta o que tem a ver com a bolha, se nunca a viu mais gorda, nunca a assoprou, nunca lhe deram um mísero canudinho.

Quando isto acontece, a TERRA pára. Para até de brigar (os grandes escritórios de advocacia demitem às pencas, dá para entender?!). Todos se enfurnam em buracos e abrigos antiaéreos, esperando o pior passar.

Mas o pior não passa se a maioria se entoca. Entao só os com-canudinho, os espertalhões que arquitetam as crises, para convocar a boiada ao banho de sol.

E lá se vão as senhorinhas às compras de supermercado e aos crediários. Afinal, de que servem o cheque especial e os cartões de credito? Amanhã será melhor (pelos próximos 99 anos, mas quem viverá tanto?!).

Essa tal economia só funciona mesmo nos caixas das lojas e dos supermercados, o resto é contabilidade de ilha da fantasia, fajutagem tão competente que dura um século para explodir.

Mas a turma de espertos já enricou tanto, que terão carvão acumulado para levantar outra fogueira mais magnífica ainda, num 'fogo que arde sem doer' como a fogueira fictícia dos amantes.

É o mesmo egoísmo que realimenta o aquecimento global. Que me interessa quem terá pulmão daqui duzentos anos?

Com canudinho, sem canudinho, vamos tocando.

Êta mundão sem porteira!

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*Advogado do escritório

Demarest e Almeida Advogados




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